segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Domingo Espetacular


Geralmente detesto domingo. É um dia inútil para mim. Não tenho vontade de fazer nada, na tv nada de bom passando... um tédio/preguiça toma conta de mim nesse dia da semana. Mas ontem foi um domingo atípico para mim.

Quis acordar cedo para poder curtir a piscina mas como cheguei em casa as 7 da manhã, nem por reza consegui levantar antes das 13 hrs... acordei para ver o GP Brasil de Formula 1 e mais uma vez Rubinho com problemas viu seu companheiro de equipe ser campeão. Será que agora ele desiste de vez e se aposenta?

Depois da corrida, fui ver meu Mengão arrasando o Palmeiras em pleno Parque Antártica com show de Pet e após o jogo, minha amiga me chamou pra comer num restaurante aqui perto de casa. Resolvi ir e depois voltaria para casa e terminaria o domingo vendo Fantastico ou fuçando na net rss.

Mas mal sabia eu que meu domingo estava apenas começando hehehe. Depois de comer feito dois pôneis rss eu e minha amiga resolvemos parar na praia e aproveitar o horário de verão... pra que? Começamos a beber e o resultado? Cheguei em casa as 2h! Alternamos entre whiskey e vodka ja que ambos detestamos cerveja. E é impressionante o que acontece em um intervalo de 6 horas na praia e dentro do carro kkkkkkkkkk... enfim, não vou entrar em detalhes só digo que o domingo de ontem foi muito diferente dos meus domingos habituais rss

E pra começar a semana, li esse artigo de Frei Betto hoje de manhã e gostei muito. Compartilho mais um texto com vocês:

Do Mundo virtual ao espiritual
Por Frei Betto

Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos em paz em seus mantos cor de açafrão. Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente.

Aquilo me fez refletir: "Qual dos dois
modelos produz felicidade?" Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: "Não foi à aula?" Ela respondeu: "Não, tenho aula à tarde". Comemorei: "Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde". "Não", retrucou ela, "tenho tanta coisa de manhã..." "Que tanta coisa?", perguntei. "Aulas de inglês, de pintura, piscina", e começou a dizer seu programa de garota robotizada. Fiquei pensando: "Que pena, a Daniela não disse: Tenho aula de meditação!"

Estamos construindo super-homens e supermulheres, totalmente
equipados, mas emocionalmente infantilizados. Por isso, as empresas consideram agora que, mais importante que o QI, é a IE, a Inteligência Emocional. Não adianta ser um superexecutivo se não se consegue se relacionar com as pessoas. Ora, como seria importante os currículos escolares incluírem aulas de meditação!

Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis
livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: "Como estava o defunto?". "Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!" Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa? Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade, inserir-se na realidade, conhecer a realidade.

Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo
é virtual. Pode-se fazer sexo virtual pela internet: não se pega Aids, não há envolvimento emocional, controla-se no mouse. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra! Tudo tão virtual, entramos na virtualidade de todos os valores, não há compromisso com o real! É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos: somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais.

Enquanto isso, a realidade vai por outro
lado, pois somos também eticamente virtuais. A cultura começa onde a natureza termina. Cultura é o refinamento do espírito. Televisão, no Brasil - com raras e honrosas exceções é um problema: a cada semana que passa, temos a sensação de que ficamos um pouco menos cultos. A palavra hoje é "entretenimento"; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela.

Como
a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá. O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose. Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus pacientes. Colocá-los onde? Eu, que não sou da área, posso me dar o direito de apresentar uma sugestão. Acho que só há uma saída: virar o desejo para dentro. Porque, para fora, ele não tem aonde ir! O grande desafio é virar o desejo para dentro, gostar de si mesmo, começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse.

Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Se alguém vai à
Europa e visita uma pequena cidade onde há uma catedral, deve procurar saber a história daquela cidade - a catedral é o sinal de que ela tem história. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...

Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela
musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno...

Felizmente, terminam todos na
eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do McDonald's. Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: "Estou apenas fazendo um passeio socrático." Diante de seus olhares espantados, explico: "Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz."

12 comentários:

  1. Seu Domingo foi realmente um Domingo. Seu post foi mesmo fantástico (se alusão a porcaria do programa). Eu não tenho nada contra o Domingo, até porque procuro aproveitá-lo como um dia de programas light´s com os amigos, boa caminhada ou uma volta de bicicleta pela Lagoa com minha filha.
    É uma questão de olharmos o Domingo com outros olhos e deixarmos de vê-lo como amanhã vou trabalhar, que saco...rs..rs....
    Essa matéria do Frei Beto nos faz questionar bastante. Você saiu bem inspirado do Domingo. Valeu.

    Só falta você passar lá no Momentos Compartilhados para participar um pouquinho, vai ser legal.

    Abraços Caio

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  2. Oi amigo :( antes de tudo... vergonha de vc... sorry. As minhas inumeras ocupações como as da "Daniela"(do texto do frei) ajuntadas a minha falta de vergonha me impediram de te ligar... mas vou fazê-lo.
    Enfim, vamos ao post e ao texto do F. Betto.
    Que domingo ein...? Gente eu fiquei impressionado mesmo.
    É bom ler coisas que acrescentam valor à nossa identidade não é?
    Eu gosto muito de ler o que o Frei Betto escreve. Já li o Aquário Negro, O vencedor e Entre todos os homens, e te vale a pena. Te indico.
    Esse texto dele me remeteu àquele post seu >>corro pra que<< ou coisa assim hhehehehe...
    Se seus leitores e claro eu me incluo nesses não te ajudamos em algumas respostas, o Frei agora deu uma ajudinha grande.
    E depois de tudo isso me deu até vontade de ser Monge hehehehe.
    Chega né? ah é vc tem alguma coisa contra o Rubinho??? ou é impressão minha? kkkk O burro falante aqui kkkk destesta tv aos domingos hahauhauhua exceto o futebol ao lado do Alê e nesse domingo torcendo pro Flamengo ele passou dos limites me levou junto kkkk mas foi divertido.
    Bju meu amigo, não perde a esperança não... eu te ligo!

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  3. *__*

    que texto legals

    Mas prefiro ser mesmo o Superhomem...na concepção de Nietzsche

    hahaha

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  4. Putss domingo é um dia chato realmente kkkk ...

    Ainda mais eu que trabalho no dia de domingo, fico puto em querer descançar e tenho que trabalhar, e quando folgo, não tem o que fazer ... TV chato, nada de bom ...
    Passear no shop? Deuuuuuss Me livre ... Já trabalho nele...

    A solução é fazer um Tour igual a vc, beber, nÂo cair e LEVANTAR
    KKKKKKKKK ..

    É um delicia mesmo ..
    Domingo tem que ser assm mesmo
    Pura distração ...

    Aparece caio!
    Beijão!

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  5. o meu domingo passei praticamente na cama, dormindo.... só aproveitei o começo da noite pra jantar com amigos.

    Eu ando com o pé atras de beber e dirigir, mas que é bom é bom....

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  6. Oi...boa tarde Caio,domingo pra mim tbm é um pessimo dia, sabendo qndo acaba o fantastico, no outro dia já é segunda feira e mais uma semana começa e a mesma rotina e torcendo que chegue logo sexta-feira bendita...vodka/energetico e wissk/energetico e bala, tudo de bom isso, eu adoro!! Ae tô curioso, qro sabe q aconteceu nesse intervalo de 6 horas nessa carro?!

    Saudações,
    Anselmo

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  7. o comeco do post tava legal

    o resto nao sei, pq vamos combinar, uma biblia... zzz

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  8. Oi Caio,
    Legal o teu blog, muito interessante e acertada a alusão do Frei Beto sobre essa nova forma de se viver dos dias atuais.
    Como gostei do que li aqui espero que a nova postagem seja uma tanto legal quanto essa.
    Grande abraço

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  9. Faz tanto tempo que eu não sei o que é sentar na beira mar pra beber alguma coisa e jogar conversa fora... Acho que desde que saí do Brasil na verdade... tempo pra caramba, quase 6 anos.

    Boa semana pra você.

    :)

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  10. Nossa!Como eu queria sentar a beira de uma praia,tomar uma skol,pedir uma porcao de camarao(minha favorita).

    A vida anda muito corrida,e nós acomodados demais,não estamos deixando tempo pra realizar pequenas coisas que simplesmente nos fazem felizes!

    Beejo;*

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  11. Eu ainda não sei o que a bebida faz com as pessoas, já que sou apenas um jovem de 16 anos puro e convicto que quanto mais eu bebo menos eu sinto os efeitos do maldito Alc-o-hool. Haha.

    Amigo, pelo tempo que não passava aqui... uau. Time changes. Hein, além do Afazia tô com outro blog, sobre música e entretenimento. Estamos bem na cena capixaba, mas falamos de tudo em geral. Clica no meu nome (preguissa de copiar o link) e olha lá 8D

    Um abração!

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