Como disse e fiz no mês anterior, todo mês vou publicar aqui também os artigos que minha mãe escreve mensalmente para o jornal A Tribuna, daqui do ES. Gostaria de compartilhar não só com quem é daqui do ES, mas também para meus amigos de blogsfera do Brasil e do mundo também. Filho coruja é assim hehehe. Segue o artigo de hoje:
Muda-se o Mundo Mudando o Homem
Existe uma metáfora famosa na Índia: Jesus estava entediado, então foi falar com Deus: "Pai, aprecio a vida contemplativa, mas acho que posso fazer mais pela humanidade". Prontamente, Deus lhe deu uma tarefa: "Pegue uma lima e alise o topo do Himalaia". Depois de sete mil anos, com a tarefa cumprida, Jesus voltou e novamente perguntou ao Pai: "E agora, o que posso fazer?"
Deus então deu a Jesus uma colher e pediu que ele esvaziasse o Oceano Índico. A missão parecia impossível, mas Jesus não se deu por vencido. Após sete mil anos de trabalho perseverante, foi novamente ao Pai: "Está feito, e agora?"
Deus então olhou para Jesus e lhe disse: "ouça meu filho, agora você vai descer à Terra e convencer os homens de lá a amarem uns aos outros - isso irá mantê-lo ocupado por toda a eternidade!"
O ser humano tem brilhado em todas as atividades. São inegáveis os avanços na ciência e na tecnologia - até gente já se faz em laboratório! Mas inexplicavelmente cada dia nos revelamos incompetentes na arte de amar. Todos querem ser amados, mas ninguém se dispõe a dar amor.
Esse amor necessitado, fechado em si mesmo, não é uma simples manifestação do egoísmo humano. A coisa é mais séria e tem suas raízes na educação.
Na escola, a criança aprende português, matemática, informática, etc, mas pouquíssima coisa sobre amor, gratidão, lealdade... aprende a conhecer o mundo, mas não a si mesma. Quando essa criança toma contato com a religião, aí então é que a coisa complica, porque começam a ensinar a ela que é preciso amar o próximo como a si mesma. Como praticar o ensinamento do mestre se ela não se ama e nem mesmo sabe quem é?
O ensino tradicional insiste na supremacia do cérebro e do intelecto - é a exaltação do mundo exterior, do que é passageiro. O conhecimento científico é despejado nas crianças como se todas fossem iguais. Nenhuma atenção se dá à individualidade e ao coração, sede das emoções.
O que o homem conquistou na ciência e na tecnologia melhorou as nossas condições materiais de vida, não há a menor dúvida. O que precisamos agora é priorizar o coração, promovendo a educação espiritual, fundamentada em cinco valores humanos - verdade, ação correta, paz, amor e não-violência.
Tenho me esforçado para conscientizar administradores públicos sobre a importância do Programa de Educação em Valores Humanos, desenvolvido com sucesso em mais de 130 países da Europa e da Ásia. O modelo é simples e não requer custos para os cofres públicos - talvez seja esta a razão de algumas resistências.
O modelo atual é cheio de licitações, movimenta fortunas na construção de prédios, compra de equipamentos, enquanto a Educação em Valores Humanos aponta para um único investimento: a valorização do professor, que hoje vive uma situação absurda: é mal pago e muito exigido.
Perguntaram a Platão o que ele achava de Péricles, o governante que promoveu espetacular crescimento na economia da Grécia. O filósofo sentenciou: Não é um bom político! Para justificar sua opinião, perguntou: o que Péricles fez pelo crescimento das pessoas? Nada, disseram seus interlocutores. Platão então concluiu: a verdadeira política é aquela fundamentada na promoção humana, bom político é aquele que sabe gerar felicidade.
Só se muda o mundo mudando o coração do homem.
Jane Mary de Abreu é jornalista e consultora de marketing